Deputado Arlen Santiago alerta sobre os casos de Doença de Chagas no Norte de Minas

Audiência pública da Comissão de Saúde da ALMG pautou o número alarmante de casos da doença na região

SAÚDE PÚBLICA

10/11/20253 min read

O deputado estadual Arlen Santiago, presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizou, na última quinta-feira (9/10), audiência pública para discutir o número de casos da Doença de Chagas e as ações de enfrentamento à doença em Minas Gerais, especialmente em cidades do norte do estado, como Espinosa.

A sessão contou com a presença do prefeito de Espinosa, Nilson Faber; da cardiologista Michella Assunção, da professora da Universidade Federal da Bahia e pesquisadora dos projetos Cuida Chagas e Integra Chagas Brasil, Eliana Amorim; da pesquisadora da

Fiocruz e também integrante dos projetos Cuida Chagas e Integra Chagas Brasil, Andrea Silvestre; da pesquisadora do Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz, Lileia Gonçalves; do presidente da Associação de Pessoas Acometidas por Doença de Chagas em Espinosa, Edivar Pereira da Silva; do presidente do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário da Área Mineira da SUDENE (CIMAMS), Adaildo Rocha Moreira; demais pesquisadores, professores, médicos e representantes da área ambiental e da saúde de municípios da região.

Dando início à reunião, o Deputado apresentou a seriedade da situação, especialmente em cidades da região Norte de Minas. “Esta reunião se destina a ver um problema que eu reputo de extrema gravidade. Nós estamos vendo uma quantidade muito grande de casos […] só em Espinosa são quase 900 casos de Doença de Chagas.”, afirmou.

A doença de Chagas é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, encontrado nas fezes do inseto barbeiro. Apresenta uma fase aguda, com febre prolongada, dor de cabeça e fraqueza. E uma fase crônica, que pode demorar anos para se apresentar, quando ocorrem problemas cardíacos e digestivos.

A cardiologista Michella Assunção destacou que, apesar de ser uma enfermidade conhecida há décadas, ainda há um grande número de diagnósticos tardios. “Muitos pacientes só descobrem a doença quando já apresentam complicações cardíacas graves.

É preciso ampliar o acesso a exames e ao acompanhamento especializado”, alertou. Em seguida, a pesquisadora Eliana Amorim apresentou a análise feita pelo projeto Integra Chagas Brasil. Ela ressaltou que as taxas de mortalidade no Norte de Minas são críticas: 13,8% em Espinosa, 15,4% em Porteirinha e 19,97% em Janaúba; valores que ultrapassam o dobro da média nacional. A pesquisadora Andréa Silvestre explicou que a Chagas não se restringe à picada do barbeiro – a transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho, representa uma preocupação adicional.

O parlamentar levantou outra importante questão sobre o grande número de testagens positivas. “Realmente este tema está sendo assustador. Isso precisa ser divulgado, precisamos que caia na imprensa. Como é uma doença que acomete uma população mais pobre, a doença acaba sendo negligenciada. Nós não podemos deixar que seja negligenciada.”, salientou Santiago.

Lileia Gonçalves, pesquisadora do Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz, informou que realizaram uma oficina em Espinosa para preparar a comunidade e a equipe de saúde para o trabalho de vigilância participativa, e que é necessário um maior apoio para o fortalecimento dessas equipes.

O prefeito Nilson Faber completou que o trabalho de pesquisa foi retomado no município após 10 anos e frisou a importância da audiência pública para a região, devido aos números alarmantes de casos na região.

A necessidade de vigilância, triagem e do diagnóstico ainda na fase inicial da doença foram destacados pelos pesquisadores presentes na audiência. Junto aos representantes da Associação Médica de Minas Gerais, Academia de Medicina do Estado de Minas e do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, eles apresentaram os trabalhos já ofertados e reforçaram o comprometimento das entidades na causa.

Edivar Pereira da Silva, presidente da Associação de Pessoas Acometidas por Doença de Chagas em Espinosa, relatou a realidade de quem convive com a enfermidade. A associação é a primeira de Minas Gerais. Ele reivindicou uma maior atenção para promover políticas que garantam acesso a tratamento, acolhimento e visibilidade às pessoas atingidas.

Ao encerrar a audiência, o deputado Arlen Santiago afirmou que o tema será levado à Secretaria de Estado de Saúde e ao Ministério da Saúde, cobrando medidas urgentes de enfrentamento e ampliação das ações de testagem e acompanhamento. Ele também fez o convite para uma nova audiência, em março de 2026, com o objetivo de avaliar o resultado das ações de controle da doença. “A Doença de Chagas não pode mais ser deixada de lado. Estamos falando de centenas de vidas em risco. É nosso dever garantir que o poder público cumpra seu papel de proteger essas pessoas”, concluiu o parlamentar